Quando descobri que estava grávida pela primeira vez, em 2014, um dos primeiros sentimentos que tive foi o de medo, e bem especificamente o medo do parto em si. 

Na época eu já morava na Holanda, e aqui a grande maioria dos nascimentos acontece através do parto normal, a cesárea só é feita em casos muito específicos. Então, quando eu engravidei eu sabia que muito provavelmente eu teria que passar pela experiência de parto normal. E no fundo, não é que eu não quisesse o parto normal ou que eu fosse contra; com a minha formação na área de biomedicina eu entendia que o parto normal era a via de nascimento mais indicada. Mas mesmo sabendo disso eu ainda sentia medo do como seria passar pelo processo. Era uma sensação muito ruim de “não estar no controle” da situação. 

Felizmente, logo no início da gestação, uma amiga me enviou um vídeo que marcou o inicio de uma mudança drástica na forma como eu via o parto normal: nesse vídeo uma mulher dava a luz ao seu bebê numa banheira, com os olhos fechados e um semblante muito relaxado e  positivo. Era totalmente diferente do que eu achava que era  um parto normal. Aquilo me deixou muito intrigada mas ao mesmo tempo me deixou muito feliz! Vendo aquele vídeo eu “descobri” que, aparentemente, era possível ter uma experiência de parto normal tranquila e sem toda aquela dor e sofrimento que eu achava que eram inerentes ao processo. Foi, de verdade, um divisor de águas na minha gestação. 

E foi a partir daí que eu assumi a responsabilidade de aprender e fazer tudo que estava ao meu alcance para alcançar uma experiência de parto mais leve e positiva. Durante as minhas pesquisas eu acabei descobrindo que a moça do vídeo tinha se preparado para o parto usando técnicas de hypnobirthing que é uma abordagem  de preparação para o parto que envolve elementos de relaxamento, controle emocional e muito preparo mental. Decidi então comprar um livro para estudar sobre o tema e me preparar para o parto. O livro falava muito sobre a teoria por trás da abordagem e sobre a importância do preparo mental mas não falava nada da parte prática. Ele mencionava as técnicas mas não ensinava as técnicas. Basicamente eu aprendi que existiam ferramentas maravilhosas que me ajudariam a ter uma experiência de parto mais leve e positiva mas eu não tinha acesso a elas. O momento do parto chegou e pra falar a verdade, mesmo sem ter aprendido as técnicas e mesmo sem ter ouvido os áudios, consegui me manter bem tranquila e razoavelmente focada. Ao final de tudo, a minha conclusão foi de que o meu parto não tinha sido aquela cena de terror que eu tinha imaginado no início da gestação, foi uma experiência muito boa e positiva mas que poderia ser ainda melhor, que ainda havia espaço para melhorias caso eu passasse novamente pela experiência. 

O segundo parto:

Um ano e meio depois do nascimento do meu primeiro filho eu engravidei novamente. A essa altura, o sentimento que me guiava já não era mais o de medo, afinal eu já tinha passado por uma experiência de parto e já entendia que era sim possível que o parto se desenrolasse como uma experiência positiva. O sentimento que me guiava dessa vez era o de determinação: eu estava totalmente determinada a fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para proporcionar um nascimento ainda mais calmo e tranquilo para esse novo bebê. 

Eu senti muita falta de uma preparação mais prática e estruturada durante a primeira gestação e senti que isso me atrapalhou um pouco na hora do parto em si. Dessa vez então eu resolvi adquirir um guia de preparação para o parto que tinha tudo que eu precisava: tinha um pouco de teoria mas também tinha uma parte prática bem direta e objetiva. Através desse guia eu tive acesso a áudios de meditação e relaxamento que eu ouvia praticamente todos os dias. Além de outras ferramentas de relaxamento e foco mental que eu poderia praticar na gestação e  usar durante o parto. E foi exatamente isso que eu fiz: eu praticava muito, muito mesmo, mantendo sempre o meu foco em como eu gostaria de me sentir durante o parto, independente da forma que ele acontecesse. Eu não estava em busca de alcançar um tipo específico de parto ou controlar a forma como o parto iria acontecer. O meu objetivo era: ser capaz de me manter o mais calma e focada possível, independente da forma como tudo acontecesse. Eu aprendi que, apesar de não ter controle sobre o processo de parto e nem sobre as outras pessoas, eu podia sim controlar as minhas ações e o meu estado emocional.  Aprendi também que, em se tratando de parto, o stress e a ansiedade nunca ajudam; então mesmo que eu tivesse uma experiência difícil e desafiadora, o ideal ainda seria manter-se tranquila para ajudar o processo.  

O resultado de toda essa preparação foi exatamente esse: desde a primeira contração até o nascimento em si, eu fui capaz de manter extremamente calma, focada e relaxada. E eu nem posso falar que “todo esforço valeu a pena” porque, de verdade, não foi esforço nenhum praticar as técnicas! Muito pelo contrário, era um dos momentos mais gostosos do meu dia porque era um momento em que relaxava e descansava, tanto fisicamente quanto mentalmente. 

Bom, pra resumir o que eu fiz para me manter muito calma e focada na hora do parto basicamente foi muito preparo mental associado à prática de ferramentas de relaxamento específicas para o momento do parto. 

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Com amor,

Angela.

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